30/10/2005

FACSIMILE



Segundo agências noticiosas, esta semana, um determinado grupo de investigadores do Ministério Público detinha um mandato para fazer uma busca numa determinada instituição bancária, com o propósito de averiguar algumas suspeitas de branqueamento de capitais por parte de alguns quadros superiores.
Ao irromperem pelas instalações, provocando alguma agitação entre os funcionários, foi-lhes pedido o respectivo mandato de busca. Na pressa de cumprirem o dever, os senhores das autoridades esqueceram-se de levar o mandato emitido pelo juiz. Este foi pedido por telefone e solicitado o seu envio para um nº de fax da instituição bancária onde se encontravam. Se esta situação era já de si caricata, em mais ridícula se transforma quando o mandato chega ás mãos dos responsáveis do banco: o documento, que confirmava as pretensões dos investigadores, incluía o plano de investigação que abrangia outras instituições bancárias, com buscas a realizar nessas instituições nos dias subsequentes.
Com base em notícias postas a circular por fontes menos credíveis NÃO SEI QUE DIGO soube que passado meia hora após a recepção do fax, o conteúdo deste já era conhecido por todos os gestores de topo das instituições bancárias sob investigação do Ministério Público.

20/10/2005

OUTONO


Vi esta semana um filme que é inspirado nos últimos dias da vida de Kurt Cobain.
Não interessa o valor do filme, interessa saber o valor da personagem e o valor da personagem real que inspira a ficção. Como os meus mais próximos sabem, desde a minha adolescência que perfilho uma admiração pela capacidade criativa do Kurt. Tocava mal, mas ao mesmo tempo era um ícone na criatividade, para além de que marcava um estilo e ditava leis na tendência do rock mundial. Louco, drogado e depressivo, assim era o gajo. Tudo ingredientes para que fosse um génio, que o era.
Passaram mais de 10 anos desde a sua morte e a sua influência na minha vida cultural e artística vai perdendo influência. Mas a esta distância é mais fácil perceber porque o adorávamos a ele e à sua banda. Antes de mais tinham estilo, observável na sua forma de vestir descuidada e na sua atitude: o casaco de malha largo e roto, o All-Star com mais de 100 000km; drogava-se intensamente, escrevia letras desconcertantes e desprovidas de nexo na mente de qualquer ser lúcido, tocava solos obscenamente simples e genuínos, cagava-se para o mainstream musical americano, e fazia os disparates mais infantis em público. A sua figura magra e franzina dava-lhe um ar de ser cá dos nossos. Sem me querer alargar, porque não estou a fazer uma verdadeira análise sociológica do fenómeno, quero apenas dizer que só sendo deste tempo e sendo jovem, miudo mesmo, se pode compreender e/ou adorar este nome.
Reflectindo um pouco, muito pouco apenas, para não me desiludir comigo e com ele, chego à conclusão que, ao contrário do que pensei sempre, a vida deste senhor deveria ser completamente desprovida de sentido e estrutura. O dia era vivido um de cada vez, sem projecto. Aliás, muito como a vida dos carochos deve ser. As mocas, o abuso total da mente e corpo dele, as pessoas que o acompanhavam, tudo sombrio e escuro, como um Outono frio e cheio de folhas molhadas no chão.
Aliás a imagem de Kurt Cobain surge na minha mente com um fundo sempre negro e pesado, lembrando esses dias de Outono, lembrando the fall, num qualquer bosque dos arredores de Seattle, quando os dias acabam às 5 e meia da tarde. Receio que ele se visse a si mesmo mais num abismo negro e sinuoso...
Já agora, se puderem ver o filme, vejam, se não puderem, também não perdem nada de extraordinário.

14/10/2005

ENGOLIR UM SAPO


Lamento o meu silêncio, mas a vida anda dura e o tempo vai escasseando para partilhar connvosco as minhas preocupações.
De qualquer forma quero começar por vos dizer que as eleições autárquicas mostraram que o povo é quem mais ordena. Na sequência dos posts acerca dos políticos rebeldes aos partidos e, alegadamente, metidos em trafulhices, concluímos que a populaça gosta é de folclore. Quantas mais saias de renda, melhor!
NAO SEI QUE DIGO havia demonstrado a sua indignação na altura, rejeitando moralmente a candidatura destas pessoas. Agora já se fala na impossibilidade legal, a criar brevemente pela República. É que há pessoas a quem custa ver isto...

04/10/2005

ECLIPSE!!

Na realidade não resisti a colocar esta foto na net. Demonstra o estado a que chegamos com o cansaço...

01/10/2005

CONTRA MOÍNHOS


Deixem-me partilhar convosco uns minutinhos dos meus pensamentos.
Como sabem, começou a campanha eleitoral para as Autárquicas. Como sabem, alguns de vós, sou candidato aos órgãos aqui da minha terrinha, com orgulho.
Como tal, também ando em campanha, com acções de rua. Embora não possa dar um contributo decisivo, por estar a trabalhar, muito me impressiona a capacidade que as pessoas na rua têm em receber quem é político. Na realidade não têm grande paciência para nós, modo geral, mesmo que jovens, bem-cheirosos, e giros, como eu (!). Verdade é que só com teasers, como porta-chaves, canetas e outras ofertas, conseguimos fazer com que não fujam de nós, mais raramente há quem venha até nós. Os papeluchos da campanha, com o programa, não interessam muito.
Tenho realmente pena que as pessoas já não se interessem pelas ideias, que levamos horas a escrever, anos a pensar, décadas a maturar e vários mandatos a implementar.
É por isto que políticos como aqueles que aparecem em escândalos têm tanto sucesso. Quem não se lembra de Valentim Loureiro a distribuir electrodomésticos há 4 ou 8 anos, já nem sei precisar? Se até o porta chaves com a cara da candidata aqui do sítio é um estrondoso sucesso, que dizer de aspiradores fresquinhos, a cheirar a novo a saír da caixa?
Materialismo vs idealismo?