30/08/2006

Carapaus de corrida


O Conselho de Superior de Defesa Nacional decidiu, está decidido.
Aqui vamos nós, tesos que nem um carapau, para o Líbano ajudar a reconstrução, mantendo a paz com as nossas tropas, a Companhia de Engenharia...
Enfim, a participação, a nível de relações externas, é muito importante para Portugal. A nível interno, directamente para todos nós, nem sempre nos parece ser tão aceitável. Até porque é muito caro participar nestas missões de paz.
Pesando os prós e os contras mais vale mandar uns soldaditos, não vão os nossos companheiros de união europeia ou o eixo atlântico pensar que somos contra Israel.
Boa missão camaradas.

29/08/2006

Fotos minhas


Hoje relembraram-me que dentro de dias vou assistir ao um dos concertos de Pearl Jam. Olhei para o SMS no telemóvel e recordei os dias de lá atrás. Num repente desfilou sobre o pequeno ecran do telefone a escola secundária, os All-Star e os Redley sem atacadores, desfilaram menos 15 anos, menos 10 anos, mais cabelo, menos corpo e essencialmente menos barriga, as borbulhas, cabelo comprido, menos pêlos, camisas aos quadrados, o despertar e descoberta da sexualidade, os sentimentos exagerados, mais borbulhas, os livros, o futebol nos pelados e nos cantos da rua, os bocados atrás do pavilhão aos beijos, o meu rádio Philips com um só deck para cassete, os preservativos que Randall que eram os mais baratos da farmácia e mesmo assim eram caros como o raio que o parta, a minha aparelhagem também ela Philips, com CD e móvel cheio de cassetes pirateadas da rádio Íris, do programa da noite aos fins-de-semana, as noites no jardim, no parque, na rua a vaguear, as férias de sonho com os amigos que nunca se concretizaram, as tardes a fazer amor no quarto a ouvir se o elevador parava no meu andar, as manhãs ao telefone fixo, o Herman Enciclopédia, as cassetes de vídeo mal gravadas e chaias de estática, o Ruptura Explosiva, as estrelas cadentes das noites de Verão... Pearl Jam é mais que uma banda que se ouve na rádio, é um cadinnho de memórias perdidas na vastidão da nossa vidinha, mesmo que ainda jovem; são poemas da nossa juventude, o grito de revolta da adolescência.

21/08/2006

À mesa


Em conversa à mesa de jantar com um jovem pré-universitário da minha família este fim-de semana:
"-Não precisavas ter ficado tão pouco-à-vontade com o xxxxxx, afinal ele até é da família. Para a próxima vais lá dar-lhe um bacalhau."
Perante a cara de interrogação/espanto/desaprovação do jovem pré-universitário insisti:
"- Sim, senhor. Ele é família e fica com má ideia de ti... fica a pensar que és um mal educado.
- Mas...
- Não te custa nada.
Com um sorriso amarelo esverdeado o jovem pré-universitário começa a parecer realmente aborrecido até que interroga a mesa de jantar:
- Mas vou lá e dou-lhe como, uma posta de bacalhau?
- ???????
- ?????
- Hã!?
- Como é que um bocado de bacalhau... por que é que lhe haveria de dar bacalhau!? - pergunta francamente.
- Tu não sabes o que é um "bacalhau", pois não?
- Então... é o peixe... bacalhau... salgado.
- !!!!!?????
- Aaahhhh ahahahahha!
- Ohhh Oh ohoooooohohohhoh!"

14/08/2006

Eu gosto é do Verão


Há coisas boas que a estação estúpida tráz consigo:
a esplanada
a praia
Na primeira engordo os quilos que eventualmente penso estar a perder na segunda. É que na praia dá-me para comer geralmente sandes saudáveis, com legumes, carnes magras ou atum, e bebo sumos de fruta ou apenas água. Na esplanada como petiscos gordurosos, fritos em óleo reutilizável até 15h de frituras, marcha pão torrado com litros de manteiga, ou pior, margarina sebosa, que escorre em grossos pingos sobre a minha mão, trato da desidratação com as cervejas, que enchem a mesa num agradável festim patrocinado pelas mais pobres das cervejas mundiais: a Sagres e a Super Bock. Aquelas garrafas sem qualidade visual nenhuma, aquele acre, a cor das garrafas, o sentimento de crescer um bigode depois de cada gole, seguindo-se a unha, os pêlos do nariz e, quando acabo o último gole já só tenho a quarta classe...ugghh! Assim como assim bebe-se.
Na primeira nado kms e fujo das ondas, corro pelas areias quentes e secas ou frias e molhadas, passeia-se só ou acompanhado. Na esplanada deixamo-nos estar longas horas paralisados , sem protecção solar, queimando meia perna que não fica coberta pelo chapéu de sol da Coca-Cola, sentados numa apatia própria dos velhotes, ou então já bêbedos, num êxtase típico dos miudos hiperactivos que comeram chocolate ricco em açúcar.
Na praia há bikinis cada vez mais curtos, na esplanada há decotes de pagar para ver mais, na praia durmo as melhores sonecas do ano, na esplanada leio a literatura da casa: Bola, Record ou Correio da Manhã.
Entre o deve e o haver concluo que adoro o Verão.

06/08/2006

Iguanas

Existem pessoas com hábitos estranhos e formas de socializar que me arrepia, como aquelas que insistem em contar-me estórias e falar-me de terceiros como se eu os conhecesse pessoalmente, referindo-se a eles pelo nome próprio e não fazendo uma pequena introdução da pessoa ou a relação que têm consigo. Assim não são raras as vezes que essas pessoas que me falam no seu marido ou no seu primo ou amigo de infância ou no seu cão como o João ou o Heitor ou o Marialva. Ainda esta 6ªfeira entro no gabinete da minha chefe e ela me diz que acabara de desligar o telefone a pedir ao Sérgio para ir ao videoclube ver se estava por lá o Novo Mundo com o Colin Farrell. Mas quem é o Sérgio!? Algum colega novo?
A minha amiga estava sentada ao meu lado e começa a rir-se, mas de que te ris? Ah, foi o Abreu que me contou uma piada quando ontem estavamos nos anos da Rita? Quem!? Anos de quem!? uem são essas pessoas?
Falo destas coisas porque me incomoda perguntar quem serão essas pessoas, mas por outro lado são importantes para o desfecho da estória da carochinha que me contam. É como num livro falar-se de personagens sem se explicar o que são e o que as relaciona entre elas.
Não me aborreçam com estas coisas, chamem-lhes pela relação que têm com eles: marido, cunhado e amante, iguana, etc.

05/08/2006

Paz sim, paz não, paz sim, paz não, ...

Alguém me ajude:
Como se pode fazer um acordo para a paz sem se convidarem todas as partes envolvidas no conflito?
Como se vai fazer a paz no Líbano sem o Hezbollah ter contribuido para o texto? É que o partido de deus é apoiado em força, entenda-se a maioria, pelos libaneses, não tanto por serem radicais xiitas, mas por ser contra poder à arrogância e prepotência do governo e exércitos israelitas.
Serão os franceses e os americanos, seja no seio da ONU, ou em acordos secretos, os
únicos responsáveis por se fazer a paz? Então porque morreram tantos libaneses e
israelitas nestes dias? Só porque os intervenientes no cessar fogo no conselho
de segurança da ONU não chegaram a um acordo mais cedo? Está bem...

Aviação ou viação


Andei atento a ver as reacções ao anúncio do Ministério da Administração Interna, aquele do avião cheio de crianças.
A grande parte insurge-se com o mau gosto ao associar-se crianças e morte, outros indignam-se com a ligação do avião, o meio de transporte mais seguro, com a morte de crianças na estrada, em acidentes de viação, fenómeno que nada tem a ver com o meio aéreo.
Isto de campanhas publicitárias tem sempre muito que se lhe diga, nem sempre o bom gosto se associa à mensagem a passar, mas já vi campanhas de marketing super bem sucedidas não obstante recorrerem a filmes e associações de ideias tristes ou muito pobres. E neste caso do filme do MAI o seu conteúdo simbólico, mesmo para desgosto dos pilotos e demais cidadãos, detem uma mensagem muito forte, cuja estética fica ao prazer de cada um, mas que atingiu o seu objectivo que seria pôr a problemática da morte de crianças na estrada a discussão, nem que seja ao balcão do café.

02/08/2006

Onde está A direita?

Os jovens resposáveis pela morte do transexual no porto apanharam penas entre os 11 e os 13 meses internamento em centros educativos. Os jovens, ao cuidado de um centro educativo católico, foram responsáveis pela morte de um, já de si moribundo, toxicodependente e transexual no Porto. Não serão caso único de má conduta e irresponsabilidade, quer da sua parte, jovens desintegrados, com famílias que simplesmente não existem ou desfuncionais, quer da parte do centro, que se responsabilizou pela sua educação. A moral católica não terá sido suficiente para educar estes jovens. O que é preciso não sei, mas fé já dei conta que não chega.
Israel continua a sua aventura da guerra por Líbano adentro. Já não consigo condenar o Estado israelita, não sei o que vivem, não quero sequer imaginar o terror que sentem dia após dia, mas também não consigo condenar os libaneses, cujo único pecado foi ter nascido num dos mais martirizados locais do mundo nestes últimos 50 anos. E são estes as verdadeiras vítimas, os que morrem no interior das suas casas, no seu carro enquanto fogem, na rua porque só iam a fugir ou até quando só ali estavam..
O estranho (leia-se triste) é que em Portugal não há direita. Onde está ela a falar desta guerra, onde anda a opinião conservadora, moral e crente, liberal? Que diz ela da forma como Israel prepotentemente eespanta todo o mundo?