23/09/2010

Por estes dias...

...o meu quotidiano tem estado embrulhado em folhas de excel.

09/09/2010

Adeus, Queiróz

Não há muitas coisas nas quais me ache de opinião realmente válida. Mas de futebol acho que percebo umas coisas. E isto para falar acerca de Queiróz, o caso. Mas falar do seleccionador é falar da Federação e da Direcção.
Madaíl é figura ímpar na FPF - recuperou as contas, arranjou patrocinadores de peso em investimento, trouxe o povo de volta aos estádios para ver a selecção, organizou com sucesso um Europeu, estamos na corrida para um Mundial, atingimos o topo do futebol mundial e europeu em termos de resultados. Temos por estes tempos uma das mais temidas equipas a nível mundial. Tivéssemos outro peso relativo enquanto nação nesta Europa e teríamos com toda a certeza os Ronaldos e Brunos Alves idolatrados desde a China até à Terra del Fuego, com destaque mediático absoluto desde a BBC World à Telecoño das Honduras. O senão do reinado Madaíl foi a formação. Os resultados não dependem só da Federação, os clubes são os formadores principais, mas o papel das selecções desde os Sub-14 é fundamental para a revelação dos talentos mais jovens. E neste campo os resultados que revelaram as gerações douradas dos anos 90 e no novo século simplesmente desapareceram. Teme-se, com razão, o fim das nossas fornadas repletas de talento, até porque os clubes, grosso modo, preferem comprar a preço de saldo na Latina América a formar. Por fim, temos Queiróz, a quem não reconheço verdadeiro talento para gerir uma equipa de futebol de alto gabarito. Não ponho em causa a sua capacidade analítica, mas falta-lhe carisma. E gerir homens de egos gigantescos, com salários ao nível do PIB de qualquer país africano não está ao alcance de qualquer técnico. Por isso este treinador de um grupo de futebolistas ímpares falhou, como previsto por mim - também não costumo acertar em mais nada.

 Adeus, Queiróz

Nada disto obsta na minha opinião que lhe estão a fazer uma filha-da-putice ali na FPF. Alguém com funções de topo mandar outrém para a cona da mãe, seja no futebol, seja no gabinete do reitor, na Administração da PT, no Conselho de Ministros ou no café do Rafa é absolutamente banal. Que os médicos da agência de dopagem tenham ficado a tremer de tal forma com este vitupério enviado ao chefe da equipa deles que até falharam parâmetros de análises só pode ser mentira. E que isto só tenha vindo a lume 3 meses depois, com a abertura do processo disciplinar em circunstâncias que indicavam insatisfação da FPF com o trabalho do treinador só parece feito de encomenda para o despedirem por justa causa e livrarem-se das indemnização. Que a própria ADoP, tutelada pelo governo tenha decidido avocar o processo para lhe pôr em cima ainda mais acusações - para além do processo do CD da FPF relativo a inslutos ao Luís Horta, o ADoP considerou que o treinador tentou obstruir a recolha das amostras - parece que até o governo deu uma ajudinha para poupar uns milhões em indemnizações ao Queiróz.
Posto isto o Queiróz tem a carreira quase arruinada, até porque as suas explicações são sempre tiros de Glock 9mm em cheio nos pés - chamar polvo ao Director da FPF é assim para o estúpido. E lá para fora, se isto tem alguma relevância, este será sempre o miserável mandado borda fora. Sair pela porta pequena tem sempre o seu preço, mas ser escorraçado é uma merda.
E hoje a FPF reúne para o despedir por justa causa. Teria sido nobre a FPF mandá-lo embora pagando, como fazem as pessoas de bem, honrado o contrato de 4 anos que fez com o treinador.
Deste modo, eu, mero contribuinte, espero igualmente que a direcção da FPF caia no minuto a seguir a despedir o treinador que contratou há 2 anos, assumindo o falhanço, o desgaste e o cansaço que esta questão está a provocar na opinião do povo.