26/01/2011

Barreira do tempo

Interpelei hoje um tipo com um metro e oitenta e cinco (portanto quase mais 10 cm que eu):
- Jovem! A torneira... (tinha deixado a torneira aberta a jorrar água e preparava-se para ir embora)
- Ahh (claramente borrado de medo e cheio de respeitinho), esqueci-me! Desculpe.
Fechou a torneira e foi embora rôxo de vergonha...e medo.

Na realidade, era exactamente a mesma reacção que aos 18 anos eu tinha quando era interpelado por um respeitado adulto.
Respeitado adulto!? Conclusão: sou um cota. Atravessei hoje uma linha sem retorno, de ora em diante só me resta trabalhar, pagar os crescentes impostos, taxas e emolumentos, as propinas dos filhos e calçar pantufas de veludo até à minha reforma.

24/01/2011

Lamento

...mas toma lá mais 5 anos de bolo-rei do mais "impoluto" político de sempre, o gajo que previu tudo, o homem que não tem dúvidas, não erra e está acima de qualquer suspeita. Espero, francamente, que não me suba para o tejadilho do carro. Odeio essas confianças.


Voltamos a falar sobre isto em 2016.
Um abraço

21/01/2011

Pela primeira vez...

...não tenho em quem votar.

10/01/2011

Ursos como nós

Leia-se esta notícia.
Cresci a ouvir que a CEE pagava para desinvestirmos na agricultura, pagava para abatermos barcos no sector das pescas, que nos obrigava a quotas nas produções diversas, entre outras riquezas. Sempre presumi que isto fosse para garantir a subsistência do sector nos países ricos e com produção mais avançada, como a Alemanha e França, evitando excedentes. Candidamente, presumi que nunca iríamos passar por escassez, já que garantíramos a subsistência dos produtores europeus, transformando-nos, a nós mesmos, compradores crónicos.

Agora acordámos com o crescimento dos países emergentes, cuja procura crescente faz disparar os preços de matérias-primas alimentares. Resposta: não temos produção própria, logo temos que pagar o aumento.
Pergunta minha: quem vamos culpar por termos desinvestido na agricultura? Ninguém, não é?
Tenho uma proposta para começarmos: 2 deles são candidatos à Presidência da República - um foi Primeiro-ministro 2 mandatos; o outro foi deputado mais de 30 anos.

09/01/2011

Ás de Espadas


Quando era miúdo observava a minha vida adulta cheia de certezas quase absolutas. Aos 18 anos iria ter a carta de condução e maturidade suficiente para poder dominar o mundo e ter namoradas boas e desinteressantes como as que via nos filmes. Na pior das hipóteses ia ter sorte diariamente no dormitório da faculdade, onde as raparigas andariam em trajes menores a servir cerveja aos colegas de curso. Aos 30 teria obviamente entre 2 e 7 filhos, um emprego de gravata, com milhares de dossiers de arquivo cinzentos na parede e seria um proprietário feliz de um carro sedan de cor neutra. Tiraria férias no Algarve em Agosto, bem no centro de Albufeira, e jamais usaria bigode. Tudo felicidade, porque os problemas que passara em criança nunca existiriam na idade adulta, estes advinham sempre da falta de bom senso dos miúdos - na 2ª feira podíamos jogar futebol com a bola do Necas, na 3ª feira já não lhe apetecia... de manhã o meu carrinho da matchbox era o mais fixe da turma, mas à tarde afinal já não... antes da aula podia levantar as saias às raparigas, mas depois da aula o pessoal já não alinhava...
A grande desilusão da vida começa quando percebi que os adultos tinham muito menos bom senso que algumas crianças. E aí percebi que um dia poderia mesmo usar bigode - já aconteceu - e que se calhar não ia tirar férias nunca a leste de Lagos.
Os objectivos foram todos reformulados e, passados muitos anos, tudo é diferente do que imaginei.
Termino esta minha crónica (a qual dei agora conta que parece uma imitação barata do Nuno Markl na Rádio Comercial) concluindo que, para já, nada cumpri ao qual me propus. Mas, pelo que vejo, ainda bem.