13/04/2011

Nobre

Declaração de interesse: Fernando Nobre é-me politicamente falando indiferente, não votei nele, mas aprecio a sua carreira e opinião acerca de questões humanitárias. E só.

Fernando Nobre a esta hora já se arrependeu de ter aceite o convite do PSD para concorrer à Assembleia da República. Boa parte do capital que recolheu nas presidenciais com a insatisfação no sistema foi oferecido pelos descontentes que habitam na esquerda - como os fracos desempenhos de Alegre e da irrelevância comunista comprovam.
Ora, aliando-se ao PSD para chegar à AR (a única forma de o fazer é estar inserido numa lista partidária, pois a AR ainda não foi aberta à sociedade civil - culpa de quem?) Nobre acabou por desiludir o grosso dos seus apoiantes ou crentes. E fê-lo porque se meteu no sistema partidário não com o seu próprio partido (como alguns esperavam), mas aproveitando a boleia de um dos partidos responsável por hoje sermos o laughing stock da Europa.

Pessoalmente não me parece que Nobre ande atrás de qualquer bife do lombo do Estado. Aliás, gostaria de ver mais pessoas como Nobre metidos na AR. "Porquê, gaita?" Por duas ordens de razões:
  1. a positiva - Nobre não precisa do Estado para viver, tem poder na sociedade civil, construiu uma carreira e uma instituição palpável e útil, logo concluo que gostaria de trabalhar na AR visando criar algo, contribuir positivamente para a nossa democracia, seja lá isso o que for.
  2. a negativa - mesmo que Nobre ande atrás de protagonismo, atrás de poder, ande a soldo de algum interesse obscuro, preferiria oferecer-lhe a ele um lugar, em vez de meter na AR pessoas como os Lellos, os Vitalinos, os Ricardos Gonçalves, os Branquinhos, etc, etc, que mais não fazem que envergonhar-nos. Miséria por miséria, dava a oportunidade a outros de nos poderem enganar ou surpreender pela positiva.

Por fim, mandar um abraço aos que alertam para a falta de experiência de Nobre para poder ocupar o lugar de Presidente da AR, o 2º cargo da Nação. Igualmente duas notas sobre isto:
  1. a negativa - o 1º cargo da Nação é ocupado pela Maria Cavaco Silva, que tanto quanto sei, foi apenas professora e mulher de um ex-primeiro-ministro!
  2. a positiva - tomara que houvesse mais pessoas fora do sistema partidário, aparentemente livres de conflitos de interesses, a desejar dar o seu contributo