06/02/2009

Bonança


Depois da borrasca, vem a bonança.
Depois de na 4ª feira ter andado a sentir a bílis na boca (e nariz, eventualmente, como indiciava aquele bocadinho de agrião retirado da narina direita) as coisas acalmaram. Já consigo bebericar chá e petiscar umas torradinhas bem secas.
A idade não perdoa, dizem por aí. Mas quem não perdoa é o vírus do funcionalismo púbico. No outro dia, com trabalho para fazer, em vez de gozar, no mínimo, 30 minutos de almoço, gozei 29. "Aqui d'el Rey" gritou-se ali nos educadores da classe operária, aka RH. Logo naquele local foi erigido um auto de ofensa e deram-me o «modelo 1 - Assiduidade» para preencher e obter parecer do superior hierárquico, enquanto me deveria vergastar com um vime. Como não bastasse a vergonha de tamanha heresia ser conhecida nos RH ainda tenho que levar o «modelo 1 - Assiduidade» ao Grande Timoneiro, que tomará conhecimento e, magnânime, me assinará o «modelo 1 - Assiduidade» aborrecido porque o seu fiel serviçal resolveu almoçar utilizando apenas uma fracção do tempo que os sindicatos conquistaram na feroz guerra travada com a opulenta e oligárquica classe dirigente do nosso local de labuta. E então eu, pusilânime como um pigmeu capado, retornarei aos estalinistas RH com o «modelo 1 - Assiduidade» preenchido com a minha desonra, e terei, aí mesmo, aprendido uma lição: que há sempre tempo para descansar e há ainda mais tempo para não se fazer o trabalho.