14/04/2009

Frio - 1

Penso, por vezes, que o frio que me vem às costas é uma infiltração de ar aqui no gabinete. Visto o casaco e abotôo-o bem. Aperto-me e aconchego-me.
Mas o frio tem voltado sempre. A brisa fresquinha corta o ar e desce pelo pescoço. Causa assim um calafrio. Depois sinto-o nas mãos. Hmm, dedos frios. Tento recomeçar a actividade, mas aquele encolher de ombros reflexo vem outra vez aí, a sacudir o frio.
Olho lá para fora e o dia está, aparentemente, ameno. As loiras do bloco acima, que são umas friorentas, estão de mangas arregaçadas. Na verdade, o sol tem espreitado e a velha da jardinagem não dá ares de ter frio, está sem collants a verdascar na relva, a mostrar a varizes que lhe pontuam cada vez mais a pele. Agora são os pés que esfriam.
Deve ser a porra do ar condicionado que inverte a temperatura de tempos a tempos, só para não nos esquecermos da incompetência galopante aqui no funcionalismo. Mas não, está mesmo desligado. Deixa ver... não, não sai ar da grelha.