02/05/2010

Orgulho em ser portista

Recordo-me de ver aquela equipa às riscas com admiração pelos feitos que conseguiam, ainda em tv a preto e branco. Confirmava n'A Bola, versão gigante no chão, que equipavam a azul e branco e eram da cidade do Porto. Na altura tinha 5 anos, Porto e Lisboa ficavam igualmente longe. Recordo-me do Vermelhinho que era um ponta esquerda genial, do Jaime Magalhães, do Fernando Gomes, Jorge Plácido, do padeiro André. Brilhavam cá e na Europa. Ahaha o João Pinto! Ainda não apareceu defesa direito assim. Foi ele que levantou a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Um clube regional, de um país periférico e pobre a ganhar o céu do futebol mundial. Mais tarde vieram outros jogadores como o Fernando Couto, o Aloísio, o Paulinho Santos, e outros brilhantes feitos. Finalmente esteve cá o Mourinho e tudo se ganhou. Ponto comum desde há 20 e muitos anos: eram todos uns rançudos, ordinários e orgulhosos. Podia correr tudo mal, mas não faltava a pontinha de orgulho ferido. E quando as coisas azedavam era pantufada até mais não. Nunca deixei de olhar com orgulho de adepto esta atitude, este "comer a relva". E as bordoadas que os treinadores, presidente e Reinaldo Teles apregoavam nos microfones apelaram sempre a esse orgulho.
Hoje quando o jogo começou todos os portistas sabiam que este campeonato estava entregue. Mas imaginar outros no seu reduto a fazer a festa não é possível, não pode ser. E aqueles jogadores que durante a época andaram perdidos, aquele treinador que não passava de uma ameixa seca sentado no banco, todos eles se sentiram. Todos eles perceberam que não estavam disponíveis para colocar a máscara de cabeçudo de Torres Vedras, e até o Jesualdo ganhou tomates e andou a insultar os árbitros na cara. E ganharam, contra o melhor futebol, contra uma equipa superiorizada pela táctica, técnica e número. E, embora, não valha nada em termos práticos, é esta soberba de não se deixar passar por parvo que me enche de orgulho em ser portista. Foi esta soberba que nos vale títulos e nos valerão muitos mais no futuro.

PS: aquelas coisas que se passaram, como arremessos de pedras, tintas e filha da putices diversas, que tiram o povo decente dos estádios, é digno de gente acéfala. São uma pequena e ruidosa minoria. Infelizmente existem em todos os clubes.