19/10/2006

Referendo parte II


Foi hoje aprovado em Assembleia da República a realização do referendo, o 2º, sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez - o aborto, como rude e boçalmente faz questão de apelidar-lhe o líder de bancada do CDS-PP, Nuno Melo.
O documento que aprovado contém a pergubta a referendar e foi aprovado com os votos do PS - com o contra da víuva do Sousa Franco -, PSD - mais um pacto de regime -, e BE. O CDS absteve-se e a CDU votou contra.
O discurso da CDU não me perturbou. O PCP e os Verdes acham que matérias destas, de civilização e direitos humanos, devem ser votadas na Assembleia da República, sem qualquer discussão pública e não referendáveis. Estou de acordo, é esse o trabalho dos deputados, a responsabilidade de quem é eleito numa democracia parlamentar representativa.~
Mas a questão, já aqui falada até, é que o referendo em vigor - quase 8 anos - foi contrário à despenalização. Logo não se poderá legitimar uma acção dessas políticamente fazendo passar o diplma através da maioria absoluta do PS na Assembleia da República. Apesar de tudo, face á nova visão social dos portugueses, quase todos os partidos farão mobilização, ainda que pelos canais informais, nesta campanha. E o SIM deverá ganhar sem grandes dramas. Aliás, já ninguém tem paciência para o discurso do "eu sou pela vida" ou "não matem o Zezinho". Eu serei pelo simm e não quero que o Zezinho morra , nem tão pouco sou pela morte. Saúde pública, meus amigos, é esta a questão que importa ressalvar. A jovem adolescente, a senhora casada, e as outras todas, elas continuarão a abortar, seja em Mérida, Southampton ou no Restelo, na casa da parteira Beatriz. E estas, sem capital para turismo do aborto, continuarão a aparecer no hospital distrital mais próximo para tratar do útero mal raspado ou da infecção que ameaça alastrar.