09/10/2006

Virar à direita


Começo a ficar perturbado com as minhas inflexões de direita.
Dou comigo a pensar que ainda bem que há polícias na rua, ainda bem que os estrangeiros são impedidos de entrar no espaço europeu, duvido que a Turquia traga boas novas para a Europa, quem rouba carros deve ser punido severamente, a segurança social não deve financiar preguiçosos...
As minhas posições mais conservadoras têm vindo a ganhar terreno na minha lógica, face ao velho idealismo esquerdista puro e duro.
Não sei se será a idade ou a tendência para a estabilização, ou sei lá o quê, mas sinto-me a reinventar a minha identidade depressa demais, tão depresaa que nem consigo assumir algumas posições convenientemente. Felizmente, para mim e para o mundo, tenho tentado ponderar a posteriori sobre as questões reactivas (de reaccionáro) que me assaltam frequentemente e desmonto muitos dos preconceitos antes que se cristalizem no meu carácter, nomeadamente todas as questões do primeiro parágrafo.
As próprias alterações profundas que a adminstração do Estado está passar por tem-me perturbado, e velhos chavões deixam de o ser, encostos que se partem, bananeiras que deixam de dar sombra. Mas também bolos com fatias mais pequenas, mãos amigas mais distantes e frias, avaliações mais severas e rígidas, etc.
No fim deste processo teremos todos inflectido à direita, nem que seja mais um bocadinho. O espectro político será mais uma vez reposicionado para o lado direito da vida, para depois nos reinventarmos todos outra vez.