Há dias assim

Não entendo muito bem porquê, mas estou satisfeito pelo Mário Nogueira e a CDU encapotada de FENPROF não terem capitalizado nas legislativas com aquelas merdas dos professores.

Odeio agentes comerciais de semáforos

Não sei se a bicharada é toda ela fecunda em vícios. Penso que os animais sedentários serão de certeza. Eu pelo menos tenho vícios. E o mais recente passa por estar em cuecas às 08:00 da manhã, na sala, a ver o "Foi assim que aconteceu" na Fox Life, enquanto coço a barriga, retiro as ramelas dos olhos e vou bebericando leite morno sem sentido. Alguma hormona paralisante ainda paira sobre o meu encéfalo aquela hora.
E este hábito começou porque a estas horas a RTP convida médicos aborrecidos para falar sobre artroses durante 15 minutos, ou anda a perguntar aos provincianos como se escrevem banalidades: "escreve-se lagartixa ou lagarticha?"; a SIC-N só passa escória da noite anterior ou a meteorologia e o trânsito 5 vezes por hora. Aliás, agora que se fala nisto, que merda é essa de dar informações de trânsito à hora de ponta em Lisboa? Esta merda entre as 07:30 e as 10:30 está toda engatada nas estradas em Lisboa e à sua volta e pronto, que mais há para dizer? Deve ser algum padrinho que arranjou o emprego aqueles papagaios que se licenciaram em Jornalismo ou afins e estão para ali a repetir que o Eixo Norte-Sul está encavado, o IC 17 todo lixado, os acessos sul à Ponte 25 de Abril estão engatados desde quase Grândola... a TVI tem helicóptero e tudo!
Eu agradecia era que me dissessem por onde posso ir para evitar a força de vendas dos semáforos: os tipos da CAIS que me batem ao vidro para eu comprar a revista de Maio, os bombeiros de Bucelas que querem que eu compre uma senhazinha para a rifa do LCD, os romenos que acham que preciso de pensos rápidos, ou que tenho os pára-brisas cagados. Desta larga equipa comercial o meu favorito é aquele gajo que está sempre no mesmo cruzamento e só pede aos Mercedes, Lexus e BMW's. Isto é orientação comercial.

Não aprendi a nadar no Tejo

Nesta manhã lúgubre lia eu o DN enquanto tomava a minha dose matinal de cafeína. Na última página surge - quem mais? - O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa. Opinava ele sobre o materialismo histórico aplicado ao direito e constituição portuguesa e a forma como isso afecta as relações de propriedade dos cidadãos neste início de século? Não, pá, era sobre o actual estado da selecção de futebol. E dizia que se Portugal não for ao Mundial é uma perda monumental e o Queirós tem que ir embora. A minha interpretação.
Não há nada sobre o qual este tipo não emita opinião? Ele é política, economia, finanças, educação, golf, ténis, charutos, literatura, literatura-não-considerada-literatura, música, Planeta dos Macacos, futebol, ranhoca de bebé, Álvaro Cunhal...
No fundo o Marcelo é mais um de nós, os emissores de opinião. Todos os taxistas de Alcântara que me levam ao Bairro desde 2007 me têm revelado não concordar com as grandes opções do plano e com a distribuição de fundos previstos no QREN. E também me disseram desejar a biqueirada no rabo do Queirós depois de não nos levar ao Mundial.
A diferença é que este gajo já nadou no Tejo e, com excepção de um escritor que ainda ninguém conhece, mas que vão conhecer um dia, nenhum outro tipo que eu conheça se pode vangloriar disso.

Da natureza do insulto

Quem conhece a Av. Forças Armadas sabe que a iniciar-se a subida, ali na perpendicular com a 05 de Out, a estrada de 4 faixas se transforma em 2 para quem segue para a dita 05 Out (à esquerda) e noutras 2 (à direita) para subir as Forças Armadas. Os espertinhos colocam-se nas faixas ao lado esquerdo, com menos trânsito, e depois quando abre o sinal é um regabofe tipo Red Bull Air Race em Nova Deli a meterem-se pela direita à frente dos civilizados.
Esta manhã igual filme. Escandalizado desde casa, porque já vinha a pensar nisso quando fechei a porta da rua, assim que aquele Toyota se põe na minha faixa leva logo com a buzinadela ininterrupta de 100 m, e as respectivas invectivas "Corno!"; "a tua mãe é um homem!". E pelo canto do olho esquerdo em chispas vejo que se trata de condutora e passageira. Reformulei e lá vai disto: "tinhas que ser uma gaja!"; "as duas juntas não valem uma couve de brux..." quando reparo que se trata de um par de freiras bonacheironas, em trajos de esposas de Deus, prontas a dar-me o olhar condescendente, tipo daquelas que fazem doces a toda a hora no convento para acalmarem os chamamentos da carne, e com óculos em forma de fundos de garrafas de vinho de Aveiras - na minha mente só surge o paralelo com a imagem da irmã Lúcia.
Fechei o vidro e elevei o volume do rádio e acelerei a 3ª a fundo para chegar depressa lá acima e refugiar-me no meu buraco da vergonha, com o Céu dois lanços de escada mais longe.

Adoro o Aguiar-Branco porque só diz verdade

Isto está a ferver: o Manuela Moura Guedesgate é o último dos temas, desta semana apenas, com que o pessoal se pode deliciar a poucos dias das eleições legislativas. A esse junte-se o Alexandre Relvasgate, o Freeportgate, o Liedsongate, a Patrocínio que não tira os caroços da frutagate, a capa d'A Bola de 4ª feiragate - com o Jesus Terminator, lembram-se?, etc.
Da minha parte, que nunca vi mais que 2 min 23 seg daquele jornal nacional de 6ª feira, com excepção da entrevista ao Marinho Pinto, que vi ad nauseam no You Tube, da mesma forma que vi a pantufada assassina do Witsel (vejam que vão gostar, se ainda não conhecem. Mas não a seguir ao almoço), estou-me nas tintas para o futuro da Boca-de-Botox Guedes - que até havia avisado o patrão que se a despedisse era um estúpido! Muito espirituosa, e ainda mais sibilina.
Nunca, como nos tempos actuais, se assistiu a tanto caso de má-língua e contra-informação nos media. Aliás, esta é tanta que deixei de ver o programa homónimo e deixei de ler o Inimigo Público, porque a ficção confunde-se com a realidade. Prefiro ver o telejornal e ouvir o Aguiar-Branco a escarrar a sua VERDADE - é mais confortante e surreal.