23/12/2005

IT´S CHRISTMAS, STUPID

Permitam-me falar aqui umas linhas acerca do Natal. Na realidade, não sei o que é o espírito natalício. Este fundar-se-á numa comemoração do nascimento de Cristo. Muitos séculos posteriores ao seu (presumível?) nascimento, assiste-se à profunda decadência do que era comemorado. A simplicidade e pobreza material vs riqueza espiritual deu lugar ao inverso. As discussões familiares centram-se, desde início de Novembro, em saber quem irá a casa de quem e qual a prenda a oferecer aquele tio que, estúpido, deixou de fumar, ao qual dávamos sempre um isqueiro, ou uma caixa de charutos, e agora que lhe damos, umas peúgas pretas, uma gravata, nem sei de que precisa ou gosta ele? Pois, na realidade, nem nos conhecemos muito bem por casa, quanto mais os outros que só vemos nesta época. Não há aproximação verdadeira, apenas qualquer coisa artificial, acentuada sobremaneira pela sofreguidão de vender do retalho, pelas cores da TV ou pelas luzes do El Corte Inglés desde Novembro.
Mas nem vou alongar-me por aí. Aliás, estou tão aborrecido que nem vou por lado nenhum, pois contra mim falo, consumido por uma força qualquer valido estes comportamentos fazendo eu o mesmo... Poderia falar da solidariedade bacoca de oferecer um pacote de arroz ou um frasco de tomate pelado no super aos pobrezinhos uma vez por ano e julgar-se capaz de criticar o primeiro ministro dos tesos por não perdoar a dívida externa a Angola e Moçambique. Mas não vou falar.
Ah, já agora, fazemos uma votação para saber se retiramos o disco de ouro dali ou não?