08/12/2005

Taxa Nominal Anual 25,20% ; TAEG 29,60%


Nos últimos anos temos assistido a um boom de publicidade de empresas prometendo dinheiro fácil, bastando para tal ligar agora ou mesmo ligar Já!, oferecendo em troca ao comum do cidadão empréstimos sem perguntas, sem chatices, sem formulários, tudo muito "toma lá, tu és porreiro, mereces".
Nunca me passou pela cabeça que houvesse neste mundo pessoas que pudessem ter necessidade de recorrer ao crédito "até € 5000", até porque fazendo uma pequena análise se verifica que crédito deste tipo serve apenas para pequenas compras... quem quer comprar casa ou carro vai ao banco.
Mas, até pela expansão do tempo e espaço comprado em publicidade, verifica-se que estas financeiras florescem no nosso país, atraíndo cada vez mais consumidores ao pequeno crédito.
O que pode explicar este fenómeno? Simples: os portugueses são pelintras, provincianos, saloios, ignorantes. Basta dar uma olhadela no anúncio no topo. Família feliz, bem vestidos, ganham seguramente o triplo do salário mínimo cada um, prendinhas para a menina loira, casa arranjadinha. Á frente o gordo que distribui dinheiro à populaça, à laia da inteligência de acertar nos preços dos prémios. "Eu é que não sou parvo" parece ele dizer. A sua postura é aquela do burguês do principio de século que os comunistas e sindicatos atacavam, e que todos querem encarnar: mesa farta, redondo que nem uma bola, dinheiro a caír dos bolsos. As prendas são ainda mais uma guloseima. A frase no balão identifica imediatamente o público alvo deste tipo de actividade.
Pois então venha de lá esse dinheiro sem chatices do banco por telefone. Quero € 1000 para comprar uns óculos de sol daqueles que tapam a cara toda, a playstation 2, e quero comprar também uma ponteira de escape para o meu carro. Não há problema nenhum, paga €20 por mês, só precisa assinar o contrato que vai receber por correio. Ahh, só 20 eures? Sim, senhor só isso. Assina e manda para nós. Nem precisa ler as letras pequeninas.
Este tipo de crédito ao consumo potencia em nós todo um sentimento de inferioridade, de pobreza material e espiritual, demonstrando que nem se precisa trabalhar por algo, basta pedir. Tudo se paga em suaves prestações de €20, €50 ou €100, mesmo que por 10 anos. Esquecem-se muitos que este tipo de crédito vale quase 30% de juros.