23/01/2006

Foram vocês, não fui eu


O que mais impressiona nas eleições são os derrotados. Para quem não sabe, as derrotas são muito duras. Mas de diversas formas para as diversas pessoas envolidas. Para o candidato, quando muito, são uma página menos brilhante do seu invejável currículo, mas para o apoiante-braço-direito que dele depende o seu emprego e a estabilidade da sua vida yuppie, estas derrotas podem ser uma desgraça para os seus próximos 5 ou 10 anos, ou até, uma vida defuncionário público. Para o apoiante de base estas derrotas significam o fim de um sonho que se iria esfumar ao fim de alguns meses ou anos, só que mais cedo. Talvez para alguns seja razão para ir bater na mulher, cortar a mesada aos filhos ou ser um asno de chefe no emprego durante os próximos dias.
Para mim, que nem sei muito bem que ando a dizer, isto não passa de uma derrota ideológica. Para mim não passa de uma derrota de fé. Perdi, provavelmente, o último bocadinho de esperança no povo. Este povo tem uma memória tão curta, tão selectiva e tão não sei que mais que me tira do sério. Para mim foi o terminar, por 10 anos, da chance de ter um chefe de Estado da minha sensibilidade política, alguém em quem me revisse na tomada de posição, nos ideais. Este povo teso e mesquinho votou na direita, em quem menos se importa com ele.
Espero que se lembrem que foram vocês que votaram nele, povo.