02/06/2006

Bandeiras e cachecóis


Foi com uma certa tristeza que verifiquei o avolumar de pessoas que voltaram a pendurar a bandeira portuguesa nas janelas, nos carros e, até, lenços com os símbolos nacionais na cabeça.
Este acto de mostrar um certo orgulho nos nossos valores só me deixa triste porque não somos capazes, em mais nenhuma outra ocasião, de mostrar essa mesma ponta de soberba pelas nossas coisas. Em todas as conversas de café se escarra na nossa administração, na nossa música, organização, em nós próprios.
Na realidade, à medida que vou escrevendo ganho um certo alento por ver que ainda existem certos valores transversais a todos os estratos, neste caso o futebol da nossa selecção, valores que nos dão força, a união. Mas logo me volta a tristeza quando penso que se ganharmos 1 jogo neste mundial vai sair à rua mais gente para festejar do que se fosse para votar nas autárquicas. Quase que me saltam lágrimas só de pensar num possível flop, quando os possíveis heróis passarem a grandes bestas ou marrecos que nem aquela treta de equipa ganham, o Maniche tá gordo e o Costinha só dá pau, Figo é velho, quem teve a ideia de convocar Hugo Viana, Quaresma era indiscutível, etc, etc... Se correr bem ainda poderemos cantar o fado triste que é preciso um brasileiro para nos levar à glória!
Portanto motivos para apelar à tristeza não faltam.