08/09/2006

Mataram o Partido Comunista português

Tomei conhecimento do acontecimento político mais interessante das últimas semanas através da blogosfera (não aprecio muito este nome, mas pode muito bem ser para o que interessa agora). Para além de ter comprovado que neste meio de comunicação mais virtual, a realidade toca mais e parece mais real que a virtualidade das notícias impressas ou miradas na TV, verifiquei o seguinte facto: a presença ou a representação na festa do Avante, com uma tenda/balcão incusivé, do órgão porta-voz oficial das FARC (Forçs Armadas Revolucionárias da Colômbia) - a revista Resistência.
Segundo comunicado do PCP foi apenas convidado o PC Colômbia e a revista, não havendo intenção de convidar qualquer elemento das FARC.
Factos meus: as FARC são uma guerrilha que actua principalmente na selva colombiana, que leva a cabo uma luta armada com o governo de Bogotá, que rapta, mata e ameaça opositores políticos, que se financia com tráfico de droga, roubos e extorsão. O raptado mais famoso é uma senhora ex-candidata a Presidente da Colômbia, que foi raptada em plena campanha eleitoral, salvo erro, aqui há uns anos atrás, e ainda é mantida em cativeiro.
Factos políticos: O PCP meteu a pata na poça, mas até ao pescoço! Convidar a revista, que é o orgão de imprensa da guerrilha é o mesmo que convidar a própria guerrilha e não adianta dizer que não. Embora se bata pelos direitos humanos, pela liberdade e justiça, o PCP não foi capaz de não convidar este grupo terrorista, não foi capaz de condenar a sua acção, nem de lamentar quem morreu e foi raptado por aquela milícia. Não foi capaz de condenar, em 2006, o caminho utilizado para conquistar o poder ou para o estabelecimento de uma sociedade mais igualitária, de cariz socialista, que é o que pretende a guerrilha. Assim sendo, e depois de haver pessoas com muita responsabilidade no PCP, e na própria nação, visto que era e é deputado, que duvidaram que a Coreia do Norte não fosse uma democracia, o PCP morreu para mim enquanto coerência política e ideológica adaptada aos tempos que atravessamos e à realidade contemporânea. Não mais me interessarão as opiniões dos seus líderes, o partido que já foi grande e actual, é um moribundo, à procura de um espaço no espectro político que já não existe.