01/09/2005

TURQUIA

Pamuk, futuro residente de um qualquer cadafalso turco

A Turquia continua a surpreender o mundo. Agora trata-se de um escritor nacional, que até é candidato ao Prémio Nobel, a ficar com a lígua presa na "democracia !" turca.
O inusitado escritor teceu alguns comentários acerca do que ele acha ter sido o massacre arménio perpetrado pelos turcos em território otomano entre 1915 e 1917. O Estado turco não reconhece que a carnificina armenia tenha existido. Mas nem importa que o faça ou deixe de fazer.
O revoltante continua a ser a forma como a Turquia continua a fazer esforços para se modernizar a nível material, forçando uma entrada na Modernidade através da adesão à UE, através da laicização do seu Estado, através da abertura dos mercados e turismo, etc, mas internamente continua a ser um país profundamente religioso, com elevados graus de intolerância e atraso nas ideias, e com ódio a críticas ou diferença de opiniões.
Já não nos bastava a questão do não reconhecimento de Chipre, a questão do Okcalan e da sua prisão no Quénia, com penas de morte e desditas posteriores, a questão dos curdos, ainda temos estas graves e profundas lacunas democráticas.
Tenho dúvidas que a Turquia seja uma mais valia para a UE, pelo menos nas primeiras décadas, mas acredito que a modernização e democratização deste país pode emergir com a sua entrada na Europa, deixando para trás a Idade Média ainda sentida nalgumas regiões do Próximo Oriente
Orhan Pamuk, assim é o seu nome, foi acusado do crime de "insulto deliberado à identidade turca" e poderá ser julgado em Dezembro, arriscando-se uma pena de prisão entre seis meses a três anos.