25/07/2005

FASES DA LUA



Ao que parece, o terrorismo anda na mó de cima. Esta semana foi particularmente triste para os amantes de uma civilização moderna e pacífica – foram as tentativas de atentados em Londres, foram as realmente concretizadas em Istambul, em Bagdad, no Sharm-el-Sheik, algumas bem mais sangrentas que outras. Mas não falamos só de terrorismo alegadamente islâmico e medieval. Em Espanha foi deflagrado um engenho explosivo na principal praça ou rua ou esquina de Santiago de Compostela por um grupo radical de independentistas galegos. Está bem que ninguém se magoou, mas devido ao clima tenso que se vive por todo o mundo, estes anormais conseguiram um espaço no telejornal de toda a Europa.
Mas falemos de terrorismo islâmico (e aparentemente anti-ocidental). Como já opinámos noutro post anterior, os terroristas têm avançado nos seus objectivos, pois têm, de uma forma ou de outra, conseguido enervar toda a gente, movimentando esforços brutais de investigação e prevenção de atentados, levando inclusivamente a precipitações, como mostra a morte de um brasileiro inocente no London Tube esta semana.
Será que esta é mesmo uma guerra de civilizações ou são só meia dúzia de palermas que julgam representar uma enorme nação islâmica? Li algures que nalguns países islâmicos como o Paquistão, Afeganistão (estes muito simbólicos pela expansão de madrassas), entre outros, grande parte dos seus habitantes se identificam mais com o Islão do que com o Estado Nação do qual são cidadãos. Isto pode revelar imensas coisas, desde logo a primeira, é que existe, de facto, uma enorme nação islâmica. As outras podem ser que para estas pessoas a fé e a religião estão fundidas com o quotidiano, com a cultura, economia e com o Estado, de uma forma demasiado apertada para se poder sequer concebê-las em esferas opostas ou diferenciadas. Mas, para outros mais alarmados, pode desvendar o radicalismo islâmico alargado ao povo, onde a sharia não abre espaço para tolerância ou modernidade, quanto mais para democracia. E aqui sim, aqui existe uma oposição civilizacional que poderá, caso o fanatismo continue a expandir-se, assumir contornos de intolerância mútua.
Bem, estas razões perturbam-me e fazem-me temer uma internacionalização do terror ainda maior do que a actual, por isso está em lua nova.

No oposto, NÃO-SEI-QUE-DIGO tem em quarto crescente o velhinho Mário Soares. Então não é que vindo do fundo da sala, onde ninguém o levava demasiado a sério pelas suas tomadas de posição politicamente incorrectas, típicas de quem está na reforma e já não vislumbra nenhum cargo político ou compromisso de Estado, aparece nestes últimos dias como mais-que-possível candidato a Presidente da República. Fruto de uma orfandade do PS em termos de candidato...? Talvez. Fruto do trabalho político de relevância enorme para o Portugal actual e para a qualidade da nossa democracia? Claro que sim.
A assumir-se como candidato vai ter que rever muitas posições assumidas, desmentir muitas declarações proferidas e clarificar outras tantas afirmações, principalmente acerca dos nossos aliados americanos – tudo para bem da relação atlântica.A ver vamos se se chega à frente.